Sylvia de Araújo, cearense de coração e alma, nasceu na cidade de Barro, um pequeno município com 8000 habitantes, 400 km distante de Fortaleza. Filha de agricultores é a sexta num total de sete filhos. Desde criança, seu jeito inquieto e irreverente destoava dos demais irmãos. Sylvia imaginava um futuro melhor para toda sua grande e humilde família e tinha certeza que poderia dar a ela este presente. Ainda adolescente, tão sonhadora quanto determinada, decidiu que Barro seria pequeno demais para comportar tantos sonhos e autoconfiança, para ela, só mesmo uma cidade do tamanho de São Paulo seria capaz de abrigar alguém com tamanho espírito desbravador, e assim foi. Sylvia veio p/ S. Paulo aos 16 anos de idade. Seus pais, conhecendo a audácia precoce da filha, não a impediram de vir para a metrópole, mas achavam que a menina, ainda tão nova e ingênua, se assustaria com os costumes e o ritmo frenético da cidade grande e em questão de dias estaria de volta ao lar interiorano. Ledo engano...
A viagem Ceará-S. Paulo foi muito demorada, feita de ônibus. Alimentando-se apenas de frango assado com farinha, foram 3 dias e 2 noites rodando, tempo suficiente para Sylvia, que ainda não sabia bem por onde começar sua escalada na paulicéia decidisse optar por pedir ajuda a irmã mais velha, que já morava aqui. Mas, sabendo que a irmã era casada, levava uma vida pacata com marido e filhos, e não tinha os mesmos anseios empreendedores que os seus, concluiu que a estadia na casa dela seria breve. A chegada em S. Paulo foi inesquecível, lembra-se até hoje do quanto ficou impressionada com o tanto de gente que via pelas ruas. Ao passar pelo Viaduto do Chá pensou: “Não é possível tanta gente reunida no mesmo lugar, sem que tenham um motivo em comum... deve estar havendo alguma espécie de procissão por aqui, mas em que igreja deste mundo caberia tanta gente assim???” Alguns instantes depois, a garota percebeu que, ao contrário dos hábitos de sua pequena cidade natal, em S. Paulo não era necessário haver procissão para que tantos andassem juntos.
A irmã mais velha a acolheu com carinho, mas incumbiu Sylvia de tomar conta da sobrinha enquanto ali morasse. Não demorou para que Sylvia mostrasse aos familiares à que tinha vindo... Propôs uma troca: ela faria uma bela faxina por toda a casa e a irmã retribuiria dando-lhe um conjunto de blusa e saia da loja de departamentos C&A.
Proposta aceita. Aquela seria a primeira de muitas investidas da jovem no mundo dos negócios. Trajando a roupa conquistada através da faxina, Sylvia vai à busca de seu primeiro emprego na capital. Não demorou a conseguir um cargo de empacotadora em um supermercado na Rua Teodoro Sampaio, zona oeste paulistana, Meca da indústria moveleira. Era um prenúncio...
Apesar de ter estudado somente até concluir o primeiro grau, ainda em Barro, a natureza extrovertida e falante proporcionou à Sylvia dar aquele que seria o primeiro grande passo de sua vida: conseguiu um emprego de vendedora numa das mais tradicionais lojas de móveis de S. Paulo, nela permaneceu por um ano, saiu para trabalhar em outra grande loja do mesmo ramo e foi lá que, depois de ter morado por anos em diversas pensões femininas, comprou seu primeiro apartamento. A garota humilde do Ceará ia de vento em popa. Também foi neste novo emprego que, devido ao seu inigualável senso de humor, carisma e arrojo, provou aquilo que todos a seu redor já imaginavam: Sylvia vinha para comandar, e não ser comandada. A simpatia com que tratava os clientes os cativava, isto a tornou a principal vendedora da rede e não tardou p/ que o proprietário a chamasse para ser sua gerente. Tão grande quanto à desenvoltura, era sua percepção. Sylvia aproveitava cada dia para adquirir conhecimentos sobre a indústria moveleira como um todo. Vender e, posteriormente, gerenciar, lhe deram uma completa visão de mercado. Foi então que, fazendo jus à imagem de mulher audaciosa que sempre teve, a então gabaritada profissional disse adeus à empresa onde prestou serviços por 12 anos, e partiu para aquele que seria seu vôo mais alto e definitivo.
A mesma coragem demonstrada quando decidiu abandonar o nordeste e enfrentar a cidade grande com a cara e a coragem, Sylvia demonstrou ao trocar um bom emprego com salário estável pela “aventura” de investir o pouco dinheiro juntado até então para abrir seu próprio negócio: A SYLVIA DESIGN. A aposta foi certeira! A empresa, que a princípio, era apenas uma loja em Santana, zona norte de S. Paulo, logo se transformou em um grupo de lojas espalhadas por toda a capital. Foi conduzindo seu próprio negócio que Sylvia resolveu explorar melhor uma de suas maiores qualidades: o senso de humor. Em mais uma de suas muitas demonstrações de arrojo, ela resolve divulgar a SYLVIA DESIGN em propagandas de televisão, e, pasmem; a garota propaganda era a própria Sylvia. Ela sabia que ninguém melhor que ela para representar a si mesma, afinal, quem mais toparia se vestir de mulher gato e ficar gritando “méééééeáaaauuuuuu, méééééééééaaauuuu” em plena TV??? Quem mais toparia se vestir de Papai Noel e sair (no melhor estilo Juca Chaves) pedindo para que as pessoas comprassem em sua loja pra que ela pudesse visitar os pais no Ceará durante o Natal???? Quem mais poderia inaugurar na loja uma sessão com o nome “KAFOFO DA SYLVIA” e sair pulando por cima de cada sofá em frente às câmeras gritando: “olha esse sofá!! que luxo!! que desbunde que tudo!!” ? Tamanho carisma fez com que as pessoas procurassem sua loja não só pela qualidade de seus produtos, mas também, e principalmente, pela energia boa que ela transmitia em suas aparições.
Hoje, Sylvia é, reconhecidamente uma mulher de sucesso, porém, sem nunca ter deixado de lado suas raízes, sua simplicidade. Coincidência ou não, seu grande ídolo é Silvio Santos, que também venceu na vida depois de passar por infância e adolescência bem difíceis, e que assim como ela, também é reconhecido pelo bom humor e pela irreverência. Assim como seu ídolo, Sylvia também se preocupa em ter uma clientela que abranja a todos os tipos de classes sócio-econômicas, dos mais pobres aos mais ricos. E pra quem acha que ela já se dá por satisfeita com tudo que conseguiu, ela avisa que está apenas começando.
Seus clientes, não são apenas clientes, mas também, telespectadores. As quase 3 mil pessoas que compram nas lojas Sylvia Design todos os meses, fizeram da rede uma das que mais vende em S. Paulo e consagraram Sylvia de Araújo como um exemplo de que a perseverança e o talento superam barreiras. E não se esqueçam: ela está só começando.
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