Um dia, a Adriana me disse que estava grávida e de gêmeos. Claro que fiquei muito feliz. A gravidez era de risco e logo um dos bebês não resistiu. A gestação foi complicada, mas finalmente o Arthur nasceu após 30 semanas, em 09/09/09. Prematuro, saiu da sala de parto e foi direto para a UTI, onde ficou por quatro meses: logo em seus primeiros dias, desenvolveu uma infecção que atingiu seu intestino. Ele não tinha nem um mês de vida e já havia passado por quatro cirurgias, teve amputado metade de seu intestino, duas paradas renais de mais de 30 horas e uma parada cardiorrespiratória de cerca de cinco minutos. Mas o menininho foi persistente e venceu.
Em seus primeiros três anos, era preciso tomar muito cuidado com sua alimentação porque era difícil ganhar peso e sua imunidade era baixa. Eu e minha esposa dedicamos todos os cuidados e empenhamos os maiores esforços para que se estabelecesse e se desenvolvesse. Arthur respondia bem aos tratamentos que era submetido e tudo parecia então que iria, finalmente, entrar nos eixos.
Até que minha esposa sofreu um acidente de carro em abril de 2013 e ficou em coma. Decidi ficar com ela, ajudá-la em sua recuperação, na cabeceira de sua cama, orando e estimulando-a, tentando equilibrar o trabalho e a atenção ao meu filho na medida do possível. Mas, seis meses depois, o Arthur reclamou que sentia saudades de mim – e entendi que meu filho estava compreensivelmente sem a mãe e inexplicavelmente sem o pai. Por isso, readequei toda a minha vida para ficar com meu filho. Fiz graves e severas mudanças em minha rotina de trabalho e no meu convívio social para poder me dedicar ao Arthur e lhe dar toda a cobertura que reivindicou e que precisava enquanto esperávamos pela recuperação da Adriana. Até que a Dri partiu, em julho de 2014.
Para que meu filho não sofresse com o luto pela mãe, guardei a tristeza em meu coração e ensinei ao Arthur que a mamãe sempre estaria conosco, em nossos corações, acontecesse o que acontecesse. Ensinei a ele que nosso sentimento pela mamãe deveria ser de gratidão, por ela ter dado o Arthur à luz, por ter se empenhado para que ele vingasse, por ter sido uma mãe excepcional e lutado tanto para ficar entre nós. Entendemos que sua partida era a forma de finalmente descansar, não de desistir.
Desde então, eu e o Arthur seguimos sozinhos. Embora seja difícil, não precisa ser triste. Pontuamos nossas vidas com muitas brincadeiras e traquinagens para que a alegria seja polvilhada em cada momento nosso. Isso fez com que passássemos a ser vistos como exemplos, pois as pessoas se surpreendiam por termos conseguido seguir adiante apesar de tudo o que passamos. Palavras como superação, resiliência, auto-eficiência passaram a ser muito associadas a mim e ao Arthur. Criei perfis nas redes sociais com o nome Tudo pelo meu filho, que são seguidos por centenas de milhares de pessoas. Diariamente, recebemos dezenas de postagens, comentários e mensagens pedindo conselhos, orientação e ajuda acerca de paternidade ativa e afetiva, superação de luto, enfrentamento e resolutividade. Isso fez com que toda aquela dor presa em meu peito pudesse ter utilidade e servisse de lição, inspiração e exemplo.
Não me deslumbro com esta fama, mas a acho interessante: quando estive no hospital, seja por causa do Arthur, seja por causa da Adriana, tudo o que eu queria era ter alguém com quem conversar, para contar o que eu estava sentindo, que pudesse me dizer que sabia que tudo aquilo iria passar. Várias pessoas apareceram em meu caminho com este propósito e algumas até me ajudaram. Mas, no final, eu estava sempre sozinho. Minha proposta é não deixar ninguém sozinho, é estar sempre à disposição para conversar, para trocar ideias e ajudar.
Quem vê meu filho, me vê. Quem me conhece, conhece meu filho. A vida nos forjou no fogo das provações que enfrentamos quando encaramos os sofrimentos que surgiram em nosso caminho. Por isso, nos tornamos um só, somos como uma unidade, seguimos juntos e somos indissolúveis. É certo, no entanto, que ele tem crescido e criado asas e é claro que voará seus voos e viverá seus sonhos. Ainda assim, jamais deixarei de ser o pai do Arthur e estarei sempre com a luz da varanda acesa e com a casa arrumada esperando ele voltar, se quiser ou precisar. Quando se trata de amor de verdade, para sempre não é tempo suficiente.
Livro
“Quem sofre, quem passa por um problema que aparentemente não tem solução, precisa saber que não está sozinho, que não precisa chorar com medo e nem se desesperar, pois o Senhor está à sua disposição, pronto para socorrê-lo e ampará-lo, bastando apenas buscá-Lo. O problema é que nem sempre nos recordamos disso, e precisamos de ajuda para sermos lembrados a respeito.
Tenha certeza, meu irmão: tenha Fé no Senhor, ore com confiança e acredite nas Promessas de Deus que estão em sua Palavra, e isso poderá mudar sua vida.”
Esta é a mensagem de fé e esperança que você irá encontrar em “Deus Conosco: Como superamos a pior atribulação através da Palavra, das promessas e da presença do Senhor”, de Rodrigo Leite Segantini.
Temas das Palestras
- Familia
- Relacionamento
- Paternidade
- Felicidade
- Motivação
- Mudança de Mindset